Tempo para contemplar

Um pássaro nasce e voa longe, pétalas brotam, caem e nem no chão as consegues já encontrar. Tudo isto perdeste. E para quê, se no entretanto nada tão sublime fizeste acontecer? Onde alguém veria uma necessidade de urgência, de fazer mais e mais intensamente, nas mesmas coisas fugazes existe também o melhor argumento para parar e contemplar.

É preciso tempo para nada fazer, para nem pensar fazer. É preciso espaço para notares que o silêncio nunca precisou de ser preenchido porque nunca o foi sequer, que há sons para cá do ruído. E assim vês também a delicadeza e fugacidade do mundo que se ergue quando dás tempo para ver enquanto olhas, quando escolhes contemplar.

E olhando o suficiente neste vazio que transborda de coisas, vês a humildade quando concluis que nada do que te ocupa pode aspirar a ser tão certo quanto o que testemunhas nestes momentos, mas também que deles surge a inspiração para fazer melhor e fazer diferente, sempre, enquanto encontrares tempo para coisa nenhuma.

> ver arquivo de letras

< voltar a casa