A lição mais importante enquanto empregado

A formação profissional prepara-nos tecnicamente para desempenhar uma função e a maioria de nós candidata-se a um emprego depois disso. Ainda assim, e apesar de vários anos em formação, nada nos prepara para a luta permanente, quase sempre indetectável durante demasiado tempo, para esticar os limites às nossas competências.

Esta luta ocorre entre empregado e empregador e é quase sempre inicialmente unilateral. O empregador tenta alargar o âmbito do que nos compete fazer e ignora os limites à produtividade, rapidamente excendendo todos os limites contratuais. Todos queremos um bom negócio: mais pelo mesmo, quando mais por menos não é possível. Mantidos tempo suficiente, estes excessos passam a fazer parte da cultura empresarial, tornando ainda mais difícil alguém destacar-se para ser parte activa nesta luta.

De certa forma, é compreensível a dificuldade de um empregador em resistir à tentação de espremer os seus recursos humanos. Para uma empresa existir, alguém teve que enfrentar ou ignorar (mas sempre sofrer) o risco de a criar, e o risco deve ser premiado com lucros de algum género. Pela mesma razão, não é difícil perceber a passividade de um empregado perante o excesso. A alternativa não é um caminho fácil.

Demoram-se anos a perceber que não é inevitável que esta luta seja unilateral, que não é inevitável que dizer não e impor limites tenha consequências negativas. A melhor forma de o fazer é assente na excelência. Tornarmo-nos indispensáveis naquilo que fazemos, que será de qualquer forma uma obrigação moral, e ocasionalmente lembrarmo-nos disso, é a melhor ferramenta de negociação. O que tem um empregador a perder, para além de tempo de recrutamento e formação? A excelência será sempre mais escassa do que os empregos.

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